Nos últimos dois anos, 13.284 famílias baianas estão sendo
beneficiadas com o Projeto Bahia Produtiva, que está investindo em ideias
socioambientais e incentivando cadeias produtivas no interior do estado. Desde
que foram lançados os cinco primeiros editais do projeto, entre 2015 e 2016,
foram 398 empreendimentos contemplados e mais de R$ 127 milhões em recursos
para promover o desenvolvimento da população que vive do que produz.
Nestes,
foram incluídas apicultura, meliponicultura, bovinocultura do leite, capriovinocultura,
aqüicultura e pesca.
Nos
primeiros meses deste ano, novos editais, totalizando R$ 39 milhões em
investimentos, vão beneficiar a cadeia produtiva da mandioca, fruticultura e
oleaginosas, principalmente o licuri. Até 2021, o Bahia Produtiva prevê inserir
cerca de R$ 800 milhões na economia estadual através do incentivo à produção,
financiando obras, equipamentos, assistência técnica, treinamento, estudos e
diagnósticos de gestão, entre outras iniciativas. Os recursos são de empréstimo
junto ao Banco Interamericano Reconstrução de Desenvolvimento (Banco Mundial) e
a execução fica sob responsabilidade da Companhia de Desenvolvimento e Ação
Regional (CAR), empresa da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).
O
grande objetivo do programa é promover a inclusão sócio produtiva, ou seja,
fazer com que as famílias que vivem no campo tenham condição de ter uma renda
melhor e possam cuidar de seus produtos, desde a condição primária até alcançar
o mercado. É fazer com que eles consigam ver o que produziram nas prateleiras
de grandes supermercados, distribuídos para diferentes estados brasileiros, e
até mesmo fora do País. Construindo, assim, uma cadeia produtiva mais segura,
com uma renda maior e permanente.
Para
o diretor executivo da CAR, Wilson Dias, partindo das vocações locais, tem-se
uma estabilidade maior, é possível ter uma constância no produto. “Dessa forma,
o que se desenvolve em torno da produção como atividade agroindustrial,
permanece. Quando a agroindústria é vocacionada, ela tem uma permanência,
porque o produto está ali, é local, a produção está ali. Isso faz com que a
produção seja ainda mais estimulada. Produzindo mais, ganhando mais, gera-se
mais emprego e faz com que toda a cadeia do entorno também ganhe. Porque um
agricultor que ganha mais, contrata mais pessoas, é capaz de desenvolver outra
atividade, vai comprar no comércio, e dinamiza toda a economia de um município
e um território”, explica Dias.
Novos mercados
Esse
é o caso da Cooperativa Agroindustrial de Pintadas (Cooap), no centro norte
baiano, da marca Fino Sertão, que conseguiu a captação de R$ 1,5 milhão em
recursos garantidos pelo Bahia Produtiva, através do edital voltado para
caprinovinocultura. Com esse investimento, a cooperativa vai ampliar a
capacidade de abate da unidade produtiva, inserir novas linhas de produção,
como os defumados e embutidos, e ainda alcançar novos mercados. Com plano de
negócios aprovado, os cerca de 800 animais, entre caprinos e ovinos, abatidos
mensalmente nas instalações da Cooap, chegarão a quase dois mil.
Se,
atualmente, os cortes nobres chegam aos baianos através das grandes redes de
mercados, boutiques de carnes e restaurantes de alto padrão de Salvador, região
metropolitana e outros territórios baianos, com o investimento, os produtores serão
capazes de ir ainda mais longe, garante o presidente da Cooap, Gerinelson Lima.
“Além
de ampliar a planta, poderemos adequar nossa estrutura ao Sisbi-POA (Sistema
Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal), o que nos permite levar
nossos produtos para outros estados e até para fora do País. E o mais
importante, além da estrutura física e dos novos mercados, é que, assim, a
gente consegue também estimular a produção nessa região e além dela. Se hoje
conseguimos atender a 300 produtores, com os investimentos seremos capazes de
ampliar nosso raio de aquisição de matéria-prima e atender a muitas outras
famílias. Ter uma indústria onde é possível vender sua produção a um preço de
mercado, é uma garantia de venda que dá segurança ao produtor”, comemorou
Gerinelson.
Assistência técnica
Os
recursos dos cinco editais do Bahia Produtiva serão utilizados não apenas para
aquisição de materiais e construção de infraestrutura, mas apostam também na
capacitação técnica e produção orientada como forma de desenvolver a
agricultura familiar. Por isso, cada um dos projetos aprovados tem que reservar
parte dos recursos para criação de um plano de negócios e ainda foram
selecionados empreendimentos que precisam do serviço de assistência técnica.
Dos 13.284 beneficiados, pouco mais de 60% deles não possuíam o serviço, como
no caso da Cooperativa dos Apicultores de Tucano (Cooapit). A entidade receberá
cerca de R$ 700 mil para, entre outras medidas, contratar especialistas para
ajudar os produtores.
Responsável
atualmente por uma produção de 150 toneladas de mel por ano, parte dos recursos
do Bahia Produtiva que já foram disponibilizados para a cooperativa foram
destinados à contratação de agentes comunitários, que trabalharão diretamente
com os apicultores, além de apoiar a gestão da cooperativa. Para o presidente
da Cooapit, Franciélio Macêdo, esse é grande diferencial desse edital.
“A
consultoria vai fazer um papel que é tão importante quanto produzir. Queremos
desenvolver uma identidade visual, uma marca para o nosso produto, trabalhar
também o marketing, divulgação, para podermos alcançar os mercados. Mais de 90%
da nossa produção é destinada à exportação indireta, através de outras
empresas, e queremos ser capazes de fazer isso através da cooperativa, além de
comercializar para os mercados além da nossa região”, contou Franciélio sobre
os planos para o futuro.
Inclusão
Dos
mais de 13 mil beneficiados, as mulheres representam pouco mais de 60% e os
jovens participam em 18% das propostas aprovadas. Esses números representam o
ingresso de segmentos sociais que historicamente tinham menor participação em
atividades produtivas no meio rural, segundo dados do Projeto Bahia Produtiva.
E pensando nisso, a iniciativa fomentou a participação desses públicos que são
estratégicos para a subsistência das famílias.
Para
o diretor-presidente da CAR, a ideia é diversificar a produção, ao invés de
concentrar tudo numa única atividade. “Acreditamos que o grande mérito da
agricultura familiar é a diversidade, é a pluriatividade. Incentivando a
participação dos homens, mulheres e jovens, é possível ter novas atividades na
área rural. Isso faz com que cada casa tenha uma proteção maior dos mecanismos
de produção, mais chance de mercado, combate problemas de sazonalidade, e cria
uma condição de sobrevivência. Capaz de fazer com que o produtor se posicione
cada vez melhor no mercado e isso traga mais renda permanente para essas
famílias”, destacou Wilson Dias.
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ASCOM CAR
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