Após décadas de pesquisas e inúmeras tentativas de controle, a dengue
–que todos nós já sabermos que é transmitida por mosquitos-- continua a
infectar cerca de 390 milhões de pessoas por ano no mundo todo. Agora,
cientistas dos EUA conseguiram modificar
geneticamente os mosquitos Aedes aegypti para que eles não se
infectem pela dengue e, assim, não transmitam o vírus.
Quando um mosquito morde alguém infectado com dengue, o vírus precisa
completar seu ciclo de vida no intestino do mosquito, eventualmente infectando
suas glândulas salivares, antes que o animal consiga infectar outra pessoa.
A equipe, coordenada por George Dimopoulos, da Universidade Johs
Hopkins, manipulou geneticamente o Aedes aegypti para
ativar as proteínas Dome e Hop, que lutam contra o vírus, mais cedo no momento
da infecção, imediatamente após a ingestão de sangue 'contaminado', e produzir
mais destas proteínas.
Os Aedes geneticamente projetados
foram infectados com dengue e geraram os seguintes resultados: aqueles com mais Dome tiveram 78,18%
menos cópias do vírus da dengue em suas entranhas; os com mais Hop tiveram uma
queda de 83,63% de cópias do vírus, segundo o estudo publicado na Plos.
Além disso, ambos mosquitos
tiveram diminuição significativa do vírus em suas glândulas salivares.
Os mosquitos alterados tiveram vida normal, mas produziram menos ovos do que os
mosquitos normais.
Infelizmente, a boa notícia não se espalhou para outras doenças. Quando
os pesquisadores repetiram os experimentos com o vírus da zika e do chikungunya,
não houve impacto na infecção.
No
Brasil, mosquitos modificados já são usados
Mosquitos machos, que não transmitem doenças, são geneticamente
modificados pela Oxitec, empresa de origem inglesa com filial em Campinas (SP),
para que seu corpo produza em excesso uma proteína que causa a sua morte. Eles
são liberados no ambiente e reproduzem com fêmeas selvagens. A prole terá os
genes do pai e morrerá antes da vida adulta, quando vira vetor de doenças.
A tática já foi testada em Juazeiro e Jacobina, na Bahia, e em
Piracicaba (SP), até aqui com sucesso. Na Bahia, onde o teste é feito há mais
tempo, a redução de insetos variou entre 80% e 100%, a depender da semana em
que os dados foram coletados. Os testes seguem em Jacobina, e o governo do
Estado afirmou no fim de novembro que quer expandir a ação para as 20 cidades
mais afetadas por doenças transmitidas pelo inseto.
"Já vimos que a técnica funciona. Queremos aumentar a escala e ir
para cidades maiores", explicou Gustavo Trivelatto, gerente do projeto.
Fonte: UOL
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