A prefeita de Santa Luzia,
cidade localizada na Grande BH, Roseli Ferreira Pimentel foi indiciada por
homicídio duplamente qualificado pelo assassinato do jornalista Maurício Campos
Rosa, de 64 anos. As investigações apontam que a morte foi motivada pela
disputa eleitoral. A administradora municipal, presa na quinta-feira, também
vai responder por peculato, pois usou verba pública para financiar o homicídio
e também desapareceu com provas do crime. Os detalhes do caso foram repassados
em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira.
O assassinato
do jornalista, que era dono do jornal O Grito, ocorreu em 17 de agosto de 2016.
Segundo as investigações, Maurício foi atingido por cinco tiros quando deixava
a casa de uma pessoa que havia visitado, no Bairro Frimisa. De acordo com a PM,
uma testemunha disse que Maurício Campos havia acabado de sair do imóvel quando
foi baleado. Ele foi atingido por um disparo no pescoço e quatro nas costas.
Rosa foi levado
pelos policiais até o Pronto-Atendimento do Bairro São Benedito, mas precisou
ser transferido para o Hospital Risoleta Neves, em Venda Nova, onde morreu. O
jornal O Grito é distribuído gratuitamente em Santa Luzia há mais de 20 anos,
com notícias da região.
De acordo com o
delegado César Matoso, responsável pelas investigações, a prefeita pagou R$ 20
mil pelo crime. O recurso foi retirado da Secretaria Municipal de Saúde, mas
com nota emitida pela Secretaria Municipal de Educação. As apurações apontaram
que a verba seria utilizada para a compra de mamão que seria destinado a
merenda escolar.
Os
levantamentos contra Roseli começaram depois do relato de uma testemunha. “A
investigação do assassinato do jornalista Mauricio demorou um ano de muito
trabalho. A suspeição contra a indiciada Roseli começou depois de um relato de
uma testemunha, integrante do grupo político da indiciada que revelou a
motivação do assassinato”, afirmou o delegado. “A prova indiciária é muito
forte no sentido que a motivação do fato se deu por chantagens da vítima que
cobrava valores em dinheiro da então candidata a prefeita do município de Santa
Luzia. Essa ordem (assassinato) partiu dela a um auxiliar dela que contratou o
executor”, completou.
Sobre o
dinheiro utilizado para pagar os criminosos, o delegado afirmou que saiu da
administração municipal. “Esse dinheiro foi calçado por uma nota da Educação,
mas foi compensado por recursos da saúde. A nota que foi utilizada para tentar
calçar esse valor é de mamão da merenda escolar. Mas o recurso público está
sendo compensado pela Secretaria da Saúde, pelo aluguel de um posto de saúde”,
explicou o delegado.
A prefeita
também vai responder por peculato por atrapalhar as provas do crime. As
investigações revelaram que Roseli ordenou que uma funcionária pública fosse
até o posto de saúde onde o jornalista foi levado ferido e retirasse pertences
pessoais da vítima, como dinheiro, carteira, sapatos e outras peças de roupa.
A prefeita foi
presa na quinta-feira em uma operação montada pela Polícia Civil. Agentes
cumpriram mandados de prisão expedidos pelo desembargador da 5ª Câmara Criminal
do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Alexandre Victor de Carvalho, após
parecer favorável do procurador de justiça Henrique da Cruz German. Além de
Roseli, foram presos David Santos Lima (conhecido como Nego), Alessandro de
Oliveira Souza (o Leleca), e Gustavo Sérgio Soares Silva (o Gustavim).
Fonte: O Estado
de Minas
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