Um baiano de 48 anos luta na Justiça há 13 anos para comprovar que está vivo. Ele foi dado como morto após ter sido roubado na cidade de Minas Gerais, no ano de 2003, quando saiu de Bom Jesus da Lapa, no oeste da Bahia, onde nasceu, para ir morar em Goiânia. O corpo de um desconhecido foi enterrado no lugar dele pela família na Bahia.
"Eu saí para uma festa com uns amigos e um rapaz roubou minha bolsa com meus documentos. Fui na delegacia, mas o rapaz que me atendeu lá disse que não poderia fazer nada e ficou por isso".
A família de Alailson Santos Lima recebeu a notícia de que ele teria sido atropelado e morto ainda em 2003. Na ocasião, a funerária procurou os parentes para mandar o corpo para Bom Jesus da Lapa. A tia de Alailson, Cecília Lima de Matos, foi quem recebeu a ligação.
"Um rapaz me ligou e me pediu R$ 2 mil para enterrar o corpo dele. Eu disse que não tinha R$1 e que era para ele enterrar lá mesmo. Depois, o rapaz me ligou dizendo que estava trazendo o corpo, recebi e fiz tudo como nos conformes", relatou Cecília.
Quando o suposto corpo de Alailson chegou em Bom Jesus Lapa, a família dele organizou tudo para o funeral. Como eles não pediram para abrir o caixão, enterraram o corpo que seria de Alailson.
Em 2015, ele reapareceu na cidade, mas a família não fazia ideia de quem eles enterraram. Muitas pessoas acharam que estavam vendo uma assombração.
Problema é que, além do susto, agora, o trabalhador rural não consegue provar que está vivo. Ele está com uma certidão de nascimento onde está escrito que ele morreu. Essa luta para ter nova documentação já dura 13 anos.
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) disse que já tomou as medidas necessárias para resolver o caso do Alailson, e que agora aguarda a Justiça.
Enquanto espera uma solução, Alailson está recebendo apoio do Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas) de Bom Jesus da Lapa.
"Encaminhamos ele para a advocacia pública do município onde ele conseguiu, junto com o advogado, ingressar com um processo de restauração da certidão de nascimento. Um processo em andamento desde 2016 e até hoje não tivemos uma solução", explicou o coordenador do Cras, Uilis Pericles Batista.
Sem documentos, Alailson não consegue trabalhar e depende da família pra se manter.
"Por conta desse atestado de óbito que ele tem, ele não consegue emprego em lugar nenhum. Todas as vezes que ele vai em um determinado lugar, as portas se fecham porque ele é dado como morto", lamenta Marileide Silva, prima de Alailson.
Fonte G1
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