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Famílias desempregadas “acampam” em Riachão do Jacuípe, alegam fome e pedem ajuda para seguir viajem


Até a foto do barraco montado no fundo do Posto Shell, em Riachão do Jacuípe, na Bacia do Jacuípe cair em um grupo de wattsApp, as famílias de Maria da Silva (37) e Margarida da Silva (35) não passavam de invisíveis aos olhos da sociedade jacuipense. Assim contaram as irmãs Silva que acompanhadas dos filhos e companheiros se instalaram na cidade desde a última segunda-feira (31).

Na  manhã desta terça-feira (3), após a visibilidade nas redes sociais, as irmãs disseram que sentiram uma estranha diferença, porém boa pois as pessoas começaram a levar água, suco, frutas e outros alimentos.





Visita das moradoras Juliana, Rosicleide e Thiago aos acampados

As irmãs  contam que saíram de Juazeiro da Bahia porque os companheiros já não estavam conseguindo serviço. “Eu lavava roupa de ganho e o marido desempregado fazia uns bicos. Nas horas vagas eu ia catar frutas no CEASA de Juazeiro, mas até isso ficou difícil. Pra completar a bolsa família das duas meninas foi cortada tem um ano, mesmo assim elas continuaram estudando, garantiu Margarida.

Enquanto isso, as crianças brincam ao mesmo tempo que saboreiam as frutas que receberam mais cedo. Depois de saciadas começam a fazer outros pedidos: “Ei moça traz uma boneca pra mim? Pede a caçula de todos eles ( Tailane de 5 anos).
"Eu preciso de um remédio, de tanto tossir tô com a garganta doendo, a senhora traz um remédio pra mim?” Emenda a outra de 10 anos.

Maria e Margarida da Silva (irmãs)


Quem são os viajantes

Tão “nordestinamente” brasileira,  a  família Silva representada por Margarida da Silva (mãe de duas  das meninas ) e sua irmã Maria da Silva (mãe das outras três crianças) nasceram em Petrolina-Pe mas residiam em Juazeiro: “Lá a gente tinha uma casinha de taipa no Bairro Dom Avelar”, informou.
Os filhos que não contam com o registro dos pais biológicos contam com a presença  dos padrastos. No  momento da entrevista, estavam descarregando no centro da cidade um caminhão de farinha: serviço que aceitaram quando saíram em busca de ajuda para completar o dinheiro das passagens rumo à Minas Gerais, mais precisamente segundo as irmãs Silva, para Macururé. Embora isso não altere a situação de vunerabilidade social deles, checamos que Macururé  fica na Bahia e não no estado de Minas.






Final de visita do Imprensa Cheque quando chegou o companheiro de Margarida da Silva



Mais relatos, as marcas de Maria na esteira do tempo

Maria  contou que seu  primeiro marido morreu em um acidente automobilístico com seus  primeiros filhos a caminho de São Paulo. Mostrando as cicatrizes pelo corpo revelou ter sido a única sobrevivente. O segundo, pai de uma das crianças acampada com ela, foi assassinado, e o terceiro, pai dos outros dois (também acampados) ela não tem notícia faz tempo.

Margarida interfere e diz  que a irmã ficou com traums depois do acidente e, por isso, toma medicamentos de controle. De acordo com as irmãs, o Conselho Tutelar de Riachão esteve no local na manhã desta sexta e prometeu retornar com providências. Às 20:00 horas desta mesma sexta-feira (03) a Secretária de Ação Social, Anailza Carneiro informou que ainda estava em reunião com sua equipe para averiguar as informações dadas pelas famílias e que só depois tomariam as medidas possíveis. Porém, quando falamos das chuvas e situação de total vulnerabilidade das famílias acampadas sobre uma lona fina, embora já se passassem das 20 horas, a secretária garantiu que iria providenciar um local para eles dormirem. 

De acordo com a assistente social Cristiana Vieira, é dever da Ação Social do Município junto às suas assistências, não apenas procurar um alojamento para esta noite, visto que o município não conta com albergues e outros, mas procurar tomar todas as providências emergenciais:

“No caso da senhora com adoecimento psíquico ela deve ser encaminhada para  o CAPS , as crianças com gripe ou virose para um Posto de Saúde mais próximo ou Hospital (a depender da situação) além de garantir a passagem para eles chegarem  ao destino desejado, desde que tenham a informação correta se há realmente casa para eles na cidade onde pretendem ficar”, explicou Vieira.

Ás 00:19 deste sábado recebemos uma mensagem de texto (watts) da Secretária Anailza comunicando que as famílias não aceitaram ir para uma pousada pernoitar, mas que hoje iria providenciar um abrigo para eles até que a sitação seja resolvida.







Dados da ONU confirmam aumento da fome no Brasil



Segundo o relatório de 2018 das Organizações das Nações Unidas o novo  presidente do Brasil para resolver o problema da fome, terá de recuperar políticas públicas e avançar em nova agenda. Porém ao contrário das estimativas  da ONU em relação ao Brasil em 2019,  Bolsonaro afirmou: " no Brasil não há fome”.

Assim, como esta família acampada em Riachão, tantas outras estão Brasil à fora em busca da terra prometida, ou seja de emprego, moradia e alimentação. Independente da veracidade das informações passadas pelas irmãs Silva uma coisa é certa:não dá para teatralizar a fome. Este é sem duvidas,  mais um quadro de miséria do Brasil atual.



Redação: Imprensa Cheque



Fotos: Eliete Cordeiro

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