O governador Rui Costa anunciou nesta terça-feira (16) uma
medida mais drástica para conter o avanço da pandemia do coronavírus na Bahia.
Para isso, ele decretou toque de recolher em todo o estado, das 22h às 5h, por
sete dias, com possibilidade de prorrogação.
A medida começa a valer nesta sexta-feira (19) e inclui
todos os municípios baianos, com exceção das regiões Oeste, Irecê e Jacobina,
onde as taxas não estão elevadas. A decisão foi tomada após reunião do
governador com prefeitos no final desta tarde, onde ficou definido o toque de
recolher.
"O objetivo é evitar a convivência em bares, bebidas,
carros de som, enfim, aquelas aglomerações na madrugada, porque em geral estão
associadas a bebidas alcoólicas e, portanto, ao descuido nas relações de
convivência. Com isso, esperamos preservar vidas humanas e garantir leitos
hospitalares para quem precisar. Faço um apelo para que todos os prefeitos nos
ajudem nessa mobilização", disse o governador.
O decreto será publicado no Diário da próxima quarta-feira
(17) e irá valer por 7 dias. Com isso, atividades comerciais não essenciais
estão proibidas a partir do início do toque de recolher. De acordo com Rui, é
uma forma "e conter o avanço desse número alarmante que, se continuar
crescendo, irá levar ao total colapso do sistema de saúde”.
De acordo com Rui, os donos de estabelecimentos que
descumprirem o toque de recolher serão indiciados por crime contra a saúde
pública. O Governador afirmou que solicitou às prefeituras que casse os alvarás
dos estabelecimentos que descumprirem as medidas e, eventualmente, solicitar
Ordem Judicial para fechar os pontos comerciais.
"Se um posto de gasolina está vendendo bebida,
aglomerando pessoas a partir das 22h, será notificado, o proprietário
indiciados e quem resistir será encaminhado para a delegacia. Eu estou falando
de vidas humanas. (...) Não quero ver na Bahia imagens que vi em outros estados
no Brasil. Mães chorando, filhas desesperadas na porta de UPA porque a mãe ou o
pai morreu e sem sequer ser vista pelo médico", afirmou Rui.
Rui aproveitou para falar sobre o retorno às aulas
presenciais. Ele afirma que para isso acontecer é necessário que três critérios
sejam obedecidos: a redução do número de casos ativos, do número de óbitos e
das taxas de ocupação de leitos. “Definimos que esses critérios são os
requisitos mínimos necessários para que possamos ter um retorno sem colocar em
risco a vida de nossos professores, pais, alunos e todos os seus familiares”,
afirmou o governador.
Prefeito de Salvador, Bruno Reis defendeu que era necessária
a definição desses parâmetros, principalmente pela necessidade de conclusão do
ano letivo de 2020 e da pressão que o município pode sofrer por demanda de
vagas, caso as médias e pequenas escolas particulares acabem fechando por
dificuldades econômicas.
"É preciso uma resposta para a sociedade para não
comprometermos em três anos a Educação, dependendo, é claro, da situação da
Covid-19 na cidade", disse Bruno.
A declaração do governador seguiu uma apresentação de
técnicos da Sesab mostrando que a Bahia alcançou uma taxa de 74% de ocupação
dos leitos de UTI dedicados para atender pacientes com casos mais graves de
Covid-19.
“Os dados indicam um risco real de colapso do sistema de
saúde e consequente aumento na mortalidade. Nesse momento, apenas medidas de
distanciamento social mais severas minimizarão as altas taxas de transmissão do
vírus”, afirmou o secretário da saúde, Fábio Vilas Boas.