Apesar do mandamento "não roubarás", conforme consta nas escrituras bíblicas, um padre foi preso em flagrante, na terça-feira, dia 2, justamente por suspeita deste ato, que também configura crime na legislação. Ele teria assaltado três estabelecimentos comerciais em Passo Fundo (RS), segundo o 3º Regimento de Polícia Montada (3º RPMon) da Brigada Militar. Em vídeo, é possível vê-lo usando um simulacro de arma de fogo, que ele mostrou para a funcionária do caixa no momento em que faria o pagamento em uma das lojas. O Tribunal de Justiça do estado decretou sua prisão preventiva na tarde desta quarta-feira, 3.
Enquanto os trâmites correm na Polícia Civil do Rio Grande do Sul envolvendo o sacerdote Elizeu Moreira, um procedimento investigativo também será instaurado pela Arquidiocese de Passo Fundo, conforme informou o arcebispo Dom Rodolfo Luis Weber nesta quarta-feira, dia 3.
O delegado Diogo Faria, responsável pelo caso na Polícia Civil, informou que o padre havia saído de Tapejara, onde fica a paróquia em que atua, para a cidade de Passo Fundo, a 60 quilômetros de lá. O objetivo inicial dele no município foi celebrar um sepultamento. No entanto, ao sair do cemitério, ele parou num mercado para realizar o primeiro assalto. O mesmo ato foi cometido em seguida numa farmácia e, por fim, ocorreu o terceiro roubo, mas desta vez num supermercado.
— A pessoa fingiu ser um cliente, escolheu produtos foi no caixa, deu dinheiro na hora do troco, anunciou o assalto e levou o dinheiro — afirmou Faria a respeito dos três delitos.
Os crimes foram realizados num internalo aproximado de 1h. Passada mais outra hora, o padre foi localizado. Segundo as lojas roubadas, foram suprimidos, no total, R$ 2,4 mil. Com o suspeito, contudo, havia apenas cerca de R$ 600.
— Ele alegou que foi um momento de loucura — explicou o delegado.
Após a decisão judicial em manter o padre preso, o suspeito foi conduzido ao presídio, onde ficará à disposição da Justiça.
A Arquidiocese de Passo Fundo se pronunciou através de um vídeo postado em rede social. Dom Rodolfo afirmou que o suspeito terá seu devido direito à defesa tanto no processo legal, quanto na própria apuração interna a ser realizada pela Igreja Católica, que colaborará com os agentes públicos.
O arcebispo classificou o episódio como um "fato que choca, que chama atenção, que provoca". De fato, imagens registradas por uma câmera de segurança que mostram o momento de um assalto, a que o padre foi acusado de ter cometido, repercutem nas redes sociais.
A advogada Maura Da Silva Leitzke, que representa o padre Elizeu, afirmou, em um vídeo divulgado nesta quarta-feira pela página no Facebook da Rádio Planalto News FM 92.1, que seu cliente faz tratamento psiquiátrico.
"Estamos diante de um fato que, claro, causa uma grande curiosidade e comoção pública por se tratar de um padre, porém, esse caso é um pouquinho diferente do que a mídia costuma esclarecer porque nós estamos diante de um padre que estava enfrentando um tratamento psiquiátrico, tomando uma série de medicamentos nesse tratamento".
Leitzke explicou que nas últimas três semanas, padre Elizeu optou por não ingerir mais os remédios e , em consequência desta decisão, ele teria sofrido um surto nesta terça-feira, resultando em ações sem premeditação.
Dom Rodolfo, por sua vez, frisou que o sentimento geral na congregação é de tristeza.
"Portanto, todos nós nos sentimos muito tristes, muito pensativos sobre esse acontecimento", afirmou.
"Como padre da Arquidiocese, ele exerce uma tarefa pública em nome da Igreja de Tapejara, então a partir desse momento ele vai ser suspenso ad cautelam, como se chama isso, enquanto se vai procurando discernir de fato o que aconteceu", anunciou o religioso.
"Assim como na esfera civil, na esfera da Igreja, toda pessoa acusada de qualquer delito tem direito também à defesa. Portanto, vamos passar por um processo de discernimento. Como Arquidiocese de Passo Fundo, vamos colaborar com todas as autoridades para que os fatos sejam esclarecidos. Mas também vamos dar todo o atendimento necessário que o padre Elizeu nesse momento que ele vive, com os subsídios, as ajudas necessárias para que ele também possa responder aos atos realizados com dignidade neste momento".
Fonte Extra