O psicólogo pintadense, Juvanildo Rios, que reside no estado de São Paulo, concedeu entrevista ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos e Ibaté, sobre o Setembro Amarelo.
Filho de Ruth e Zavinho, irmão de Francelina (mulher do ex-prefeito Eufrásio) e Anísio da padaria, ele tem 28 anos, se formou em psicologia pela Universidade Paulista, saiu de Pintadas com 12 anos de idade em busca de mais oportunidades.
Na entrevista ele disse que o suicídio é um fenômeno complexo, que envolve diversos fatores e pode afetar qualquer pessoa.
Acompanhe a entrevista e saiba como identificar os sinais.
Quais fatores que levam a pessoa ao suicídio?
Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 1 milhão de pessoas tiram a própria vida todos os anos no mundo.
É muito difícil compreender o que leva uma pessoa a cometer o suicídio, comparando pessoas em situais similar que não o fazem. Sabemos que existem fatores emocionais, psiquiátricos, religiosos e socioculturais. São um conjunto de fatores que levam a compreensão sobre a questão da vida, o sofrimento que essa pessoa carrega, e a busca da morte; podemos citar alguns exemplos: Perda de emprego, brigas na família, depressão, esquizofrenia, uso abusivo de drogas, alcoolismo, doenças crônicas físicas e mentais que causam dores intensas, isolamento social, conflitos em torno da identidade de gênero, dentre outros.
Há algum padrão?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, nas últimas quatro décadas o suicídio cresceu de maneira significante em todos os países, envolvendo todas as faixas etárias e vários contextos socioeconômicos. O suicídio acontece com maior frequência nos grupos de adolescentes e adultos jovens, a adolescência e a juventude são fases em que o indivíduo define sua ocupação, sua profissão, escolhe seu parceiro para viver. Seguido por idosos acima de 65 anos e que vivem sozinhos, pessoas com doenças crônicas que provocam dores constantes e doentes psiquiátricos. Podemos dizer que o comportamento suicida é uma tragédia pessoal e familiar, tornando um problema de saúde pública.
Como o suicídio pode ser trabalhado?
Classificado pelo Código Internacional das Doenças (CID-10) como morte violenta causada por causas externas, isto é, morte não decorrente de doença. No âmbito da Psicologia Clínica, o trabalho deve partir da análise de causas e motivações internas causadores do suicídio, geralmente situações de muito sofrimento vividas pela pessoa. Quando ocorre algo no presente que dispara um sentimento devastador capaz de provocar um suicídio, é geralmente porque ele reedita uma situação anterior de sofrimento, potencializando-o e tornando intolerável o momento atual. Tais situações passadas precisam ser reconstruídas sentidos novos, e o tratamento deve possibilitar que o desejo de morte, dê lugar ao desejo da reconstrução, dando a pessoa a vida que lhe foi escondida pelo sofrimento. A partir daí, a pessoa possa encontrar outras formas de expressar seu sofrimento, que não no ato suicida, dando um novo sentido à vida, uma vida na qual exista lugar para sonhar. Podemos dizer que a pessoa não quer se matar, quer, antes, eliminar a dor, diminuir o sofrimento, e por isso, busca um método que a leva a morte.
Quais são os principais distúrbios relacionados à pratica do suicídio? Como familiares e amigos podem identificar alguém que pense em cometer suicídio?
Segundo o Ministério da Educação, a grande maioria dos suicídios estão relacionados a transtornos mentais. Dentre eles, a mais associada é a depressão, seguindo dos Transtornos Bipolares, transtornos relacionados ao uso abusivo do álcool e drogas, a Esquizofrenia, e os Transtornos de Personalidade.
Existem sinais que não são levados em consideração, às vezes, por serem repetitivos, familiares e amigos acreditam ser para chamar a atenção. Devemos ficar atentos para falas como: “quero me matar”, quero morrer”, “vou cometer suicídio”, “estou muito cansado (a), não quero continuar”. Comportamentos como: Isolamento, Desinteresse pelas atividades que normalmente gosta, Mudança brusca na alimentação, Insônia ou Sonolência o tempo todo e Agressividade.
Possibilitaremos dar espaço para as pessoas falarem, abordando-as com uma postura acolhedora, segurar julgamentos, perguntar como elas estão se sentindo, o que está acontecendo, e identificando que a mesma não está legal, incentivar a procurar ajudar profissional, podendo se oferecer a ir junto.
Para finalizar, é possível prevenir o suicídio?
A prevenção do comportamento suicida deve começar na família. A família precisa estar aberta para ouvir, incentivar a inserção em projetos culturais do bairro, a manutenção e a busca de novos amigos, a cursos profissionalizantes, a pratica de esportes, auxiliar na busca de profissionais de saúde em geral, e a saber lidar com a morte, por acreditar que os filhos pequenos não têm recursos psíquicos para encarar a situação, a família esconde o assunto. Seguido da família, a escola deve trabalhar com as crianças questões sobre a valorização da vida, a fraternidade, a harmonia, e o respeito são elementos que trabalhados de forma correta, preparam as crianças para enfrentarem as dificuldades.
O comportamento suicida pode ser prevenido e, para isso, um planejamento e a criação de programas envolvendo profissionais qualificados são necessários. A comunidade, evidentemente, deve ser inserida em tais programas. Podemos também incluir voluntários que desenvolvem algum tipo de trabalho nos bairros, igrejas e ONGs. A prevenção do comportamento suicida é um desafio não só da psicologia, mas de toda a sociedade, por ser um desafio social, econômico e político.